| 
                                 A ideia de usar a Petrobrás para fins políticos já podia ser 
identificada claramente no primeiro grande encontro do PT logo após a 
eleição de Luiz Inácio da Silva, no Hotel Nacional, em São Paulo. Nos 
bastidores travava-se uma batalha pela presidência da empresa e os 
interessados comentavam o quanto o posto lhes seria útil para os planos 
futuros de eleições a governos de Estados. 
A falta de cerimônia naqueles comentários soava a bravata à época. 
Hoje fazem todo sentido, como um indicativo da ação premeditada agora 
exposta sem a menor sombra de dúvida na série de fatos relatados sobre 
os prejuízos que o manejo político da empresa vem causando à Petrobrás. 
A cada dia tomamos conhecimento de um pior que o outro. O último diz 
respeito à Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, um negócio já 
qualificado pela presidente da estatal, Graça Foster, como algo a não 
ser repetido. De acordo com documentos obtidos pelo Estado, a Petrobrás perdoou um "calote" da Venezuela e assumiu o investimento 
de cerca de US$ 20 bilhões. Em nome da amizade bolivariana, em 
detrimento dos acionistas. 
Há, portanto, motivos de sobra para se investigar o que ocorre nas 
entranhas da Petrobrás. Apenas talvez a comissão parlamentar de 
inquérito proposta pela oposição não seja o instrumento mais eficaz 
frente aos dados da realidade. 
O principal deles, a maioria governista no Congresso, que nesta hora não faltará ao Palácio do Planalto. 
Seja motivada por razões de pressão ou por proteção sincera. O 
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra 
podem não ter sido eleitoralmente espertos quando se postaram contrários
 à CPI, mas foram sensatos. 
Ambos sabem como funcionam as coisas no Congresso. O governo, se não 
tiver condição de barrar, aceitará a comissão e fará dela um circo. 
Seus integrantes procurarão ampliar ao máximo o leque das 
investigações, usarão a tribuna para lançar suspeições para todos os 
lados e ainda posarão de defensores da estatal procurando dar a 
impressão de que quem quer investigar pretende, na verdade, destruir a 
imagem da Petrobrás. O PT é exímio nesse tipo de inversão. 
O episódio da CPI sobre os negócios do bicheiro Carlos Cachoeira está
 aí para demonstrar como uma investigação de mentirinha pode ser 
desmoralizante. Muito mais eficiente seria a oposição se postar com 
seriedade no acompanhamento e cobrança dos trabalhos do Tribunal de 
Contas da União e do Ministério Público. 
Faz menos barulho, mas pode produzir mais resultados concretos. 
Mercado. Ainda que o PMDB mantenha a decisão de 
votar contra o projeto que regula a internet - o chamado Marco Civil - 
isso não significa que o partido vai virar as costas para o governo na 
tentativa da oposição de criar a CPI da Petrobrás. 
Até porque há muitos interesses envolvidos. Do loteamento, o PMDB 
também participou. E a questão não são apenas os cargos ocupados e 
negócios feitos no passado. 
A diretoria vaga na BR Distribuidora com o afastamento de Nestor Cerveró, por exemplo, está no radar do PMDB do Senado. 
Tucanice. Tem gente na oposição que defende um recuo
 nos ataques a Dilma. Justamente para evitar uma eventual troca de 
candidato. Essa corrente é adepta do lema ruim com ela, muito pior sem 
ela na disputa de outubro. 
O dito certo. O Instituto Lula desmentiu que o 
ex-presidente tenha dito que a presidente Dilma Rousseff deu "um tiro no
 pé" ao dizer que aprovara a compra da refinaria nos EUA baseada em 
relatório "técnica e juridicamente falho". 
De fato, não foi essa a frase. A expressão usada por Lula foi "tiro na cabeça". 
Fonte: O Estado de S. Paulo 
                                
                                
                                
	                            
	                             
                             |