Após a realização de uma ampla auditoria nas previdências próprias de
23 Estados e 31 municípios, o Tribunal de Contas da União (TCU)
detectou “verdadeira bomba-relógio” prestes a atingir as finanças
públicas. O relator, ministro Vital do Rêgo, apontou problemas como a
gestão ineficiente dos recursos e a “baixa confiabilidade das bases de
dados”.
Entre as necessidades destacadas pelo TCU para melhorar esse
quadro estão a realização da reforma das previdências próprias e a
padronização dos dados apresentados pelos Tribunais de Contas dos
Estados (TCEs).
Vital do Rêgo ressaltou que os Estados estão em situação
falimentar. “Ontem (terça-feira, 22), governadores bateram à porta do
presidente Michel Temer, se disseram na fronteira entre o colapso e o
mínimo de salvaguarda”, afirmou. O ministro estima que os Estados
precisariam ter um incremento real de 8% ao ano em sua arrecadação até
2030 para cobrir o rombo previdenciário. Isso porque, até lá, o gasto
dos Tesouros estaduais com os benefícios vai subir 40%.
O relator destacou ainda que 14 entes federativos instituíram
alíquotas suplementares para tentar cobrir o déficit – em seis deles, em
patamares elevados, entre 31% e 63%. Essas medidas, contudo, são de
baixa efetividade, uma vez que são de difícil implementação, afirmou o
ministro. “Como pode fazer uma sobretaxa nessa magnitude, jogando a
responsabilidade para o contribuinte? O segurado não deu causa a todos
esses problemas”, disse.
O Rio de Janeiro tentou instituir uma alíquota extra, de 16% para
servidores ativos e 30% para inativos, para tentar reequilibrar as
contas do Estado. Mas a proposta enfrentou forte resistência da
população e acabou sendo devolvida pelo Legislativo sem sequer ser
analisada.
“Essa auditoria confirma a extensão nacional da crise. Não é só o
Rio de Janeiro, o Brasil está virando Grécia”, avaliou o ministro
Augusto Nardes.
O plenário do TCU aprovou nesta quarta-feira, 23, por
unanimidade, determinação à Casa Civil e ao Ministério da Fazenda que
elaborem um plano de ação para reduzir os riscos à sustentabilidade da
previdência própria de Estados, Distrito Federal e municípios. Outra
determinação é a criação de normas, em conjunto com os demais tribunais
de contas, para consolidar um sistema integrado de acompanhamento dos
regimes próprios.
Recentemente, um boletim do Tesouro escancarou a maquiagem dos
dados previdenciários feito pelos Estados. O Rio, por exemplo, alega que
o déficit da área em 2015 foi pouco mais de R$ 500 milhões, mas os
técnicos federais detectaram um rombo de R$ 10,8 bilhões no ano passado.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo
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